domingo, 22 de março de 2015

o barato é louco, o processo é lento, o bagulho é sério e precisamos todos rejuvenescer

Lira Alli, São Paulo, 18 de março de 2015 

O BARATO É LOUCO | 1 

Conjuntura é uma palavra esquisita para dizer “o que está acontecendo e como funciona a realidade”. Uma análise de conjuntura tem como objetivo ser um texto que explica – a partir de um ponto de vista e de um tipo de análise – o que está acontecendo em determinado local, com determinado recorte. 

A realidade é louca. É complexa. E tem muita coisa rolando nesses últimos tempos que se a gente não para um pouco pra analisar, corremos o risco de sair reproduzindo estereótipos. Esse texto pretende contribuir pra aprofundar a construção de um entendimento coletivo da conjuntura brasileira. Para compreendermos quais os projetos que estão em disputa na sociedade e a relação de forças entre eles. 

Existem dois pressupostos importantes para fazermos nossa análise: 1. Os processos são construídos historicamente – o que significa que as coisas (as frações de classe, os partidos, os movimentos, as ideologias, a política, o sistema político... – é importante lembrar que essas palavras todas são conceitos científicos, não são preconceito nem ódio) não “são” uma coisa sempre igual, mas “estão” de determinada forma, que pode se alterar; 2. Política não é só o que acontece no governo: pra entender o que tá rolando no nosso país precisamos entender o que acontece nas movimentações de toda a sociedade, não apenas no parlamento. Tem gente que confunde isso e acaba não conseguindo entender tudo que acontece, porque acha que a vida se resume a A FAVOR DO GOVERNO X CONTRA O GOVERNO. A vida do Brasil é muito mais que um governo. É preciso entender o que estão fazendo e planejando as grandes empresas (de dentro e fora do Brasil), os bancos, as ONGs, os pequenos empreendedores, os movimentos sociais, os sindicatos, a classe trabalhadora, as mulheres, o governo, os partidos... 

Dito isso, podemos afirmar: vivemos em um momento de profundas mudanças em nosso país. “Tudo que era sólido e estável se desmancha no ar”. Do jeito que estão, as coisas não permanecerão por muito tempo. Já faz um tempo que estamos vendo isso acontecer: nas manifestações de junho de 2013 e nas disputas eleitorais de 2014 já era foi possível perceber um esgotamento político da frente neodesenvolvimentista (se tiver questões para entender esse conceito, leia alguns textos antigos do levante ou procure artigos de um sabido chamado Armando Boito), e um acirramento das contradições por todos os cantos.

O que acontece é que vivemos um momento de instabilidade, de crise econômica mundial – não existe ninguém que conheça bem o assunto que negue isso. Isso não está acontecendo apenas no Brasil! Por todo mundo disputas por poder rolam, e na América Latina muitos governos populares estão sendo ameaçados.

Nos últimos anos o crescimento econômico acompanhado pelas políticas de distribuição de renda em nosso país possibilitou que o povo tivesse melhorias em sua qualidade de vida, ao mesmo tempo que nestes anos rolaram grandes lucros para diversos setores empresariais. Essa situação não é mais possível. Tudo nos força a tomar partido. Em cada acontecimento. Na nomeação de ministros, na falta d’água no sudeste, nos mais médicos, na defesa dos indígenas, a cada chacina na quebrada na luta contra o genocídio, nas questões sobre o petróleo, nos problemas com as bolsas do FIES, na cultura de estupro e de racismo que se perpetua nas “melhores universidades do Brasil”. É muita coisa acontecendo e o caminho pelo qual o nosso país vai seguir nas próximas décadas ainda é algo em aberto.

O PROCESSO É LENTO | 2

Queremos construir um futuro diferente: um país mais justo, mais feliz, com mais democracia e diversidade. Mas a gente não se ilude com resposta pronta! Ainda mais quando a globo e a folha reforçam o discurso... Impeachment não resolve os problemas que temos, só piora: instabilidade política no país (junto com a econômica mundial) só vai foder o povo. Os ricos não vão ter nenhum problema de mudar de país quando a coisa ficar difícil aqui. Os trabalhadores, em especial as mulheres, negras e negros e a juventude é quem mais vai se foder com a crise. Os ricos tem herança, tem propriedade, tem luxo.

E mais: para construir um novo futuro precisamos conhecer o passado e os processos que nos trouxeram até onde estamos. Conhecer nossa história. Aprender a dialogar com gente diferente da gente.

Estamos vivendo o fim de um ciclo da esquerda brasileira. O PT foi construído no início dos anos 80 por mulheres e homens comprometidos com a construção da democracia brasileira. Foi uma grande articulação de gente que vinha de muitas organizações e histórias diferentes que possibilitou, com muita luta, sangue e suor, a construção da democracia na qual vivemos. Essa democracia, no entanto, é muito limitada e faz com que a política funcione numa lógica que não faz muito sentido.

Se por um lado nosso sistema político é muito limitado em suas ferramentas de participação – os fóruns, conselhos e afins em sua maior parte são de caráter consultivo e a população não tem vias para participar das decisões políticas do nosso país; por outro lado aprisionou TODAS as organizações que entraram na lógica da disputa institucional (partidos, ONGs, etc): elas se engravataram, se burocratizaram, se engabinetaram e se afastaram da vida e da luta cotidiana do povo.

Isso não significa que todos os políticos são iguais, mas que a democracia brasileira foi deixando tudo que é política institucional muito parecido com o decorrer do tempo. O financiamento empresarial de campanha é regra, e a corrupção faz parte da forma de funcionamento do sistema.

frente neodesenvolvimentista não consegue mais agradar a todos os seus participantes, e a frente neoliberal vem construindo uma ofensiva restauradora apoiada nos piores sentimentos conservadores, de ódio, violência e antipopulares. 

Construir uma alternativa a essas formas de fazer política é extremamente necessário, e cada vez mais urgente. A ação coletiva é que tem potência para influenciar os rumos que o país irá tomar, e é por isso que optamos pela construção do Levante Popular da Juventude. Mas essa construção deve ser feita de maneira enraizada, com muito trabalho de base, multiplicando nossas células pelas periferias, bairros, escolas e universidades de todo país.

Esse é o momento de ter firmeza e ousadia na ação: tomar iniciativa, articular (construindo sempre com muita unidade!), organizar a juventude pra fazer luta. E muito importante: temos que garantir a formação política. É a formação nosso leme que impede que sigamos por caminhos tortos. A política é algo complexo e quando não entendemos quais são as forças que atuam na realidade corremos o risco de mirar o peixe e acertar o gato.

O BAGULHO É SÉRIO | 3

Se as perspectivas de futuro não estão definidas, o que precisamos agora é nos organizar. Tomar as ruas com ousadia e alegria, construindo a política “nóis por nóis”: pelas ruas, pelo povo, pela juventude, pelas mulheres, pelas lgbts, pelas pretas e pelos pretos. Ocupar o espaço público que é nosso por direito. Fazer a disputa de valores e de projetos para a sociedade sem vacilar: nosso projeto é o projeto popular para o Brasil.

Por isso é fundamental tratar das grandes lutas que estamos disputando hoje em nosso país:

1.      A PETROBRÁS É DO POVO

Enfrentar a corrupção é fundamental e é coisa séria. Mas a gente sabe que do jeito que tá não sobra ninguém! A forma como funciona o sistema político faz com que pra alguém ser eleito precise de muita grana. Muita grana só com caixa 2, corrupção, etc. Nas grandes empresas, nos partidos, no governo... sempre tem gente corrupta, canalha, sacana. Porque a forma de funcionar a política tá errada. (e isso tá mais aprofundado no ponto 7). A questão é que privatizar não é a solução! A gente sabe o que rola quando privatiza: o povo recebe quase nada (a Vale do Rio Doce foi vendida por 3,3 bilhões e valia mais de 92 bi. Em 2008 seu valor de mercado foi estimado em 196 bilhões de dólares ==== ROUBO AO POVO!), o serviço piora e fica caro (alô você! A telefonia brasileira é uma das piores e mais caras do mundo!!) e um monte de gringo sai ganhando nas nossas costas.

2.       EM DEFESA DA EDUCAÇÃO: A JUVENTUDE NÃO VAI PAGAR PELA CRISE!

Uma das principais formas de garantirmos um país com um futuro melhor é dando cada vez mais e melhor formação para nossa juventude e para nossas crianças. A defesa da Petrobrás é muito importante porque o fundo social do pré-sal vai garantir recurso para melhorar muito a educação para as próximas gerações. Mas não é só isso: o ajuste fiscal de Levy (ministro da fazenda) cortou 7 bi da educação, o que tem afetado desde o começo do ano as Universidades Federais. Além disso, as contradições das políticas no ensino privado se acirram: por um lado as grandes empresas educacionais estão praticando aumentos abusivos de mensalidades (para extorquir mais os estudantes e também o governo, que transfere recursos a partir de programas como o FIES). Por outro lado, o governo aumentou as regras para a aquisição do FIES e destruiu o sonho de muita gente de fazer um curso superior. Mas os estudantes estão indo para a luta e os aumentos abusivos estão sendo barrados em todo país, e conquistando mudanças na aplicação das políticas do FIES.

Além disso, professores estão em luta por todo país! No Paraná (mesmo sem a Globo mostrar!) passaram por uma greve histórica! Encheram estádios pra fazer assembleias, enfrentaram a violência policial de peito aberto e estão pressionando o governo do estado (que é do PSDB, coincidência a globo não divulgar?). Em São Paulo os professores da rede estadual acabaram de iniciar sua greve, por melhores condições de trabalho e salário. Não podemos jogar a fatura da crise nas futuras gerações!

3.       JUVENTUDE É PRA VIVER

Não podemos mais aceitar que nossa juventude seja destruída pela violência cotidiana de responsabilidade – direta ou indireta – do estado brasileiro. A Polícia Militar MATA e TORTURA mais hoje do que na época da ditadura. Não existe enfrentamento contra o genocídio que assassina a juventude negra. O Brasil é o país que mais assassina homossexuais do mundo. A violência contra a mulher é generalizada, da violência no parto à ausência de creches, passando pela violência doméstica e pela inexistência de estruturas para que as jovens mulheres tenham seus direitos respeitados, como provou a “CPI do Esturpo” que apurou crimes cometidos com orgulho pelas “melhores universidades do país”.

Nós não nascemos, crescemos e chegamos até aqui para morrer, nem pra ver nossos amigos morrendo, sendo violados, violentados, presos, etc. Juventude é pra viver, pra ser feliz, pra fazer política e pra mudar o país. Mas pra isso não podemos mais aceitar a política que exclui, encarceira, violenta e mata o que é diferente.

4.       DEMOCRATIZE A COMUNICAÇÃO

A mídia brasileira se comporta como detentora da opinião pública e, para atender aos interesses das poucas famílias da elite que comandam essas redes, ignoram qualquer tipo de diversidade e estímulo à produção popular. Berços de preconceito, ódio e distorção da realidade, as grandes empresas de comunicação praticam um verdadeiro monopólio da informação.

Precisamos democratizar! Por uma mídia mais plural, mais colorida, mais diversa. Que possamos conhecer a realidade e a forma de falar e viver de todo o povo brasileiro – e não apenas da arcaica elite carioca e paulistana. Uma mídia que seja “nós por nós”.

A verdade é dura, a Rede Globo não só apoiou, como foi criada e é parceira da ditadura e do que há de mais conservador em nosso país. Fetichização do corpo e da vida das mulheres, racismo... a gente não se vê na Globo (nem em nenhuma dessas grandes mídias, propriedade de “grandes famílias” brasileiras). A gente não confia nesses playboys. Eles não falam em nosso nome.

5.       POR MEMÓRIA, VERDADE E JUSTIÇA

Nossa geração foi a primeira a crescer e viver na democracia brasileira depois da ditadura. Mas recebemos junto com a democracia um monte de entulho autoritário que permanece empacando nossas vidas até hoje. A polícia militar, a estrutura dos meios de comunicação, o conservadorismo e um sistema político pouco democrático são talvez as piores facetas do nosso processo inconcluso de transição democrática.

Para avançar e interromper o ciclo de impunidade e injustiça que reina em nosso país é necessário fazer justiça: por isso lutamos incansavelmente pela punição dos torturadores da ditadura. Nossa forma de honrar os que caíram na luta por democracia e justiça. De conseguir nos relacionar com uma geração já tão distante (é gente com a idade de nossos avós!). De reivindicar sua vida e memória. Porque a gente não teria nada do que tem hoje se não fossem eles.

6.       PELO DIREITO À CIDADE

Não foi por acaso que as manifestações em junho de 2013 explodiram com a pauta do transporte. Nas últimas décadas as grandes cidades do Brasil cresceram, e cresceram muito! Mas esse crescimento não foi acompanhado de uma política que fizesse das nossas cidades lugares bons para se viver. Parece que só dormimos em casa, trabalhamos no centro e estudamos em algum lugar. O resto é só passagem e falta tempo e espaço para uma vida mais coletiva, mais pública. A luta por um transporte público que atenda às necessidades do povo (e não apenas as necessidades dos patrões de ter o funcionário chegando na hora no trabalho), a luta por mais parques e mais praças, a luta pelo direito de fazer festa, os blocos de carnaval de rua espalhados pelos bairros, as ocupações urbanas... tudo isso são formas de dizer que a cidade deve servir para fazer o povo feliz, e não para oprimir e enlouquecer com seu trânsito, seu cinza e a busca do lucro acima de tudo.

7.       CONSTITUINTE JÁ!

Sabemos que para qualquer mudança acontecer no país é necessário a construção de políticas públicas e de definições que cabem aos poderes executivo, legislativo e judiciário. No entanto, o sistema político brasileiro é tão, mas tão atrasado, que o povo não consegue alcançar esses lugares. Menos de 10% do congresso brasileiro é constituído por mulheres ou negros. Se não existe espaço para nós na política o problema não é com a gente, mas com o sistema! Queremos mudar a política e sabemos que uma reforma política sem constituinte, ou seja, sem participação popular, vai ser só mais um ato de politicagem, pra parecer que mudou mas continuar tudo igual. Por isso nossa luta é pela constituinte!

PRECISAMOS TODOS REJUVENESCER | 4

No último final de semana vivemos um momento muito louco, em que sentimos a história acontecer na nossa frente. Duas manifestações tomaram conta do Brasil. Na sexta, dia 13 de março de 2015, saímos às ruas. Nós do Levante, saímos acreditando em tudo isso que tá escrito nessas longas páginas. Mas o ato não era nosso. Nós, inclusive, éramos pequenos se fosse olhar o todo daquele ato. Também: não somos sindicatos nem movimentos sociais com seus 35 anos de existência. Nós somos os jovens: temos menos estrutura, menos recurso, menos tempo organizando gente... Mas também temos mais criatividade e ousadia.

O ato do 13 foi construído com muita unidade, e unidade não é algo simples. Nossa unidade está nessa carta sintetizada em 4 grandes defesas: - dos Direitos da Classe Trabalhadora; - da Petrobrás; - da Democracia; - da Reforma Política. A CUT, o MST, o MAB, a CMP, a CTB... são MUITO maiores que o Levante e o que se via de cima era uma maré vermelha, que andou da estação brigadeiro da paulista até a praça da república debaixo de muita, muita chuva.

Nos unimos sem nenhuma vergonha com aquela maré vermelha, mesmo sabendo que somos diferentes da esquerda que nasceu nos anos 80. Vermelho é lindo. Remete à um sonho de uma sociedade igualitária. À cor do sangue derramado que é luta e é vida. À cor da paixão, intenso amor. Somos filhos de uma tradição que construiu a democracia em nosso país. Não temos problema em sair lado a lado de um monte de petista na rua. Mas somos diferentes. Não usamos balões gigantes, nem caminhão de som. A bandeira do nosso movimento é preta, mas não temos nenhum problema em defender nosso país – amamos o Brasil, e defendemos um país soberano e popular. Mas a gente vai pra rua de um jeito diferente, cantando samba, marchinhas, funk e rap (as músicas que estão nesse material que distribuímos durante o ato). Não vi o ato inteiro, porque fiquei no bloco do Levante – e todo mundo via que nosso bloco era diferente dos outros. Agora, coisas que eu tenho certeza sobre o ato do 13: não teve discurso de ódio. Não teve ameaça de morte. Não teve apoio dos grandes meios de comunicação. A PM não gosta da gente e mentiu de maneira deslavada sobre o número de participantes. Tinha muito preto, muito povo, muita mulher. Tinha LGBT levantando a bandeira sem nenhum problema. Tinha respeito. Tinha amor.

O “ato” do dia 15 foi muito diferente, e já tem por aí circulando nas redes milhares de análises e não quero me alongar nisso. Mas acho bom ressaltar: era uma massa verde e amarela, gente branca. Pedindo impeachment, a saída da Dilma, intervenção militar, mil coisas. O ato não andou, ficou parado na paulista, tipo o show da virada. As coisas mais assustadoras foram ver: 1. O peso que os grandes meios de comunicação jogaram para ajudar a mobilizar o ato, e a cobertura desproporcional que fizeram do ato (e aí impossível não mencionar o absurdo do G1 que publicou um álbum com as “mais gatas” do ato do dia 15 – se quiserem ler mais sobre aqui). 2. A ausência de unidade: eram mais de 10 carros de som diferentes, e a única coisa que havia em comum era ódio ao PT e à Dilma. Nenhuma carta unitária, nenhuma preocupação de articulação, nada muito propositivo. 3. O bandeirantismo de muita gente ali: massivamente brancos e endinheirados (quantas pessoas você conhece que ganham mais de 10 salários mínimos? Mais de 40% do ato do dia 15 ganhava mais do que isso segundo a pesquisa do Datafolha. 84 mil pessoas que ganham mais de 8 mil reais por mês estavam ali). Teve gente que levou a babá negra pra cuidar do filho durante o ato. E era um tal de falar em nome do povo, como se o povo não tivesse elegido a Dilma.

Mas nos dois atos – e ouso dizer que principalmente entre quem não foi pra ato nenhum – existe um sentimento comum: as instituições brasileiras estão envelhecidas. O sistema político com sua corrupção estrutural, os partidos políticos e seus fisiologismos, as entidades representativas tradicionais, o judiciário, a imprensa tradicional, a polícia, os clubes de futebol... Tudo que é instituição tem sido questionada – e é bom lembrar que as nossas instituições foram todas construídas num processo de redemocratização meio torto e incompleto até hoje.

A forma dos atos precisa rejuvenescer para dialogar com quem foi pras ruas em junho de 2013. A política brasileira precisa rejuvenescer para dialogar com o povo do país. Hoje as instituições se afastam do povo, se tornam incompreensíveis e inalcançáveis. Quem entende como se indica ministros ou juízes? Quem entendem o que eles fazem do alto de suas cadeiras? Por que são todos homens ricos velhos brancos? Por que não vemos gente como a gente nos lugares de poder? Por que não entendemos o poder?

É necessário politizar. O pensamento bandeirante das elites brasileiras adotou a ignorância como prática e sempre se utilizou do paternalismo para resolver as coisas “pelo” povo. A geração que construiu as instituições brasileiras nos anos 80 está envelhecendo e as novas gerações que chegam fazem as coisas de maneira diferente.

Nós não baixamos mais a cabeça. Pelo contrário. Levantamos nosso orgulho de ser povo. A autoestima do povo brasileiro aumentou: hoje filho de pedreiro pode ser doutor. Hoje jogador da seleção usa blackpower. As mulheres não ficam mais em casa, disputam o mercado de trabalho, o espaço público, as ruas. Queremos ser quem nós somos. Por isso precisamos todos rejuvenescer.


sábado, 21 de março de 2015

a vida ela não é fácil

a vida
ela não é fácil.

mas a gente enfrenta,
mesmo sem saber.
com nossas ferramentas,
com o choro, a fala e o escrever.

às vezes é desespero
outras esperança
às vezes bate, dói, machuca
outras vezes a gente é criança

a vida
ela não é fácil

mas é o que tem
e desistir não é opção
por isso me entrego
de corpo, alma e coração.