segunda-feira, 29 de setembro de 2014

saia justa?

Na última quinta fui convidada para representar a sociedade civil na instauração da comissão da verdade da prefeitura de são paulo.
Falei o que acredito: que a ditadura deixou legados que afetam profundamente a vida da juventude do presente.

Falei da polícia que mata a juventude pobre e negra todo dia, que só no estado de São Paulo, a PM mata mais de duas pessoas por dia. Claro que citei a declaração do Haddad porque não podemos aceitar que ele faça declarações desse tipo. Porque é errado e é irresponsável. Hoje coronel telhada, na câmara municipal, responde à qualquer acusação de direitos humanos dizendo que é "um casa isolado".

Mas falei também do conservadorismo, porque quem chamava de subversão pílula anticoncepcional e camisinha são as mesmas pessoas que acham que homossexualidade é doença e fazem o brasil ser um dos países mais assassinos de lgbts; são as pessoas que acham que a mulher não tem direito de decidir sobre o próprio corpo e não permitem a legalização do aborto, preferem deixar as mulheres morrendo nos procedimentos clandestinos.

Falei do sistema político que existe, construído que foi pela ditadura que mantém as grandes empresas com muito mais poder do que o povo. E que a única forma de superarmos os legados da ditadura é com uma Constituinte exclusiva e soberana do sistema político.

E falei também do monopólio dos meios de comunicação, das famílias que atuavam junto com a ditadura criando uma narrativa sobre a história que escamoteava, camuflava e escondia toda a violência, toda a opressão, toda a corrupção e todo o absurdo que rolava e ainda rola, porque ainda são essas mesmas famílias que dizem o que é verdade hoje no nosso país. Falamos da folha de são paulo que emprestava automóveis para transportar presos e corpos assassinados pelo regime.

A "saia justa" é pro Haddad, que tem que melhorar as declarações que faz (e também ir conhecer de verdade a operação delegada, que não é nada disso que ele diz que é).

Mas a "saia justa" é pra folha também, que adora falar mal do PT mas não reconhece os absurdos praticados por ela mesma. Até o Haddad (quando respondeu à minha provocação, na fala dele na cerimônia) disse que a declaração dele foi distorcida pelos meios de comunicação, e que não dá pra acreditar no que se lê nesses jornais.

Foi engraçado: depois que acabou tudo, o repórter da folha veio logo me perguntar "o que você achou da resposta do prefeito?" Eu respondi: "olha, eu discordo da análise dele sobre a operação delegada, mas eu acho que ele tá certo: a grande mídia distorce a realidade"

PS: a cerimônia foi linda e é fundamental uma comissão criada no formato da Lei, composta por gente muito comprometida e guerreira. uma comissão que vai ter condições de vasculhar a fundo o que a prefeitura fez nos anos de chumbo. disso a folha não fala.

PS2: esse texto foi originalmente publicado no facebook, sem título. fiquei quebrando a cabeça aqui pensando em um título, e acabei colocando mais ou menos o mesmo que a monica bergamo (que escreveu a coluna da folha). mas aí fiquei pensando sobre esse termo "saia justa" (ele já me incomodou quando postei isso no face, por isso tinha colocado as "" nele, mas agora que tô no blog e as pessoas só vão ler até aqui se quiserem muito me permito uma tergiversação). eu não acho saia justa um problema nem uma vergonha. acho que é normal a pessoa querer usar uma saia justa e me incomoda o fato desse termo ser usado como uma forma de dizer que a pessoa passou por uma situação difícil. conheço uma porrada de mulher que arrasa na saia justa e não deixa isso ser dificuldade nenhuma. (não sei se esse comentário faz muito sentido, mas quis fazer mesmo assim).

domingo, 28 de setembro de 2014

abortaria

é sempre alguma coisa mais ou menos assim:

a camisinha estoura, porque ninguém ensina a colocar direito.
um cara zuado te convence que era tudo bem transar assim sem camisinha e você pensa que se não topar assim vai perder a grande chance de ser feliz com ele e acaba cedendo.
não tinha camisinha tavam os dois bêbados e se colocaram numa situação arriscada assim sem perceber.
ou então:

alguma coisa qualquer coisa na vida aconteceu e a menstruação atrasou.


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aí bate aquele desespero "e agora?"

e a faculdade, e as contas, e a vontade de estruturar uma vida, e a ausência do cara, e os sonhos e os planos e etc quando uma criança não está planejada e não tem condições de ter boas condições para recebê-la.

quando você prefere não.

o corpo é seu, a vida é sua.

e a gente sabe que só pode assumir a responsabilidade por coisas e vai dar conta.

eu digo: hoje, eu abortaria.

coerência e pé no chão

na política, em especial nessa política institucional do congresso, parlamento, candidatos, executivo e legislativo, é difícil encontrar alguém contra quem não pese nenhuma crítica negativa.

mas até agora não encontrei ninguém que colocasse dúvidas ou questionamentos sobre a coerência, a firmeza política e ideológica, o compromisso e a capacidade política do Renato.

ele sabe que hoje o que determina esse jogo da política, infelizmente, não é o projeto político, mas o poder econômico, os financiadores de campanha. e não tem medo de dizer isso em alto e bom som, e se comprometer em transformar essa realidade: e é por isso que ele foi um dos candidatos que mais pautou a luta pela constituinte exclusiva e soberana do sistema político. não só pautou a luta como ajudou a construir de fato e todos que fizeram campanha pra ele também construíram o plebiscito. ele esteve ao nosso lado nos atos da campanha, marchando lado a lado com os movimentos sociais, de pé no chão.

quando foi deputado estadual, criou a primeira lei a criminalizar a homofobia, uma lei que virou referência para o movimento LGBT. criou também a lei estadual que criminaliza o racismo. luta pelo direito das mulheres. ele é daqueles caras que apesar de homem e branco sabe que todo mundo é igual e luta pela construção de uma sociedade que celebre a diferença e não que silencie.

e é assim que ele é: lado a lado do povo, tem clareza do seu papel dentro do legislativo e vai em frente. foi em um mandato como deputado estadual que ele transformou em lei a proteção às vítimas e testemunhas de violência e a punição à homofobia e ao racismo. ele é favorável à desmilitarização da PM porque sabe que já basta de violência policial, que só mata e criminaliza os pobres e os movimentos sociais.

mas ainda talvez mais relevante do que tudo isso, ele sabe que a essência da política são as pessoas e não o dinheiro. uma campanha que é feita de outro jeito, por gente que nem a gente, uma campanha militante. não encontrei ninguém que faça campanha pra ele que não saiba o que está fazendo. conhece a importância de politizar e organizar o povo, e sabe que as eleições tem que ser consequência e não fim em si mesmo.

Renato Simões tem meu voto para deputado estadual. é 13813.

sábado, 27 de setembro de 2014

sou petralha

resolvi assumir: sou petralha.


depois de tanto ouvir gente raivosa e cheia de ódio me chamar de petralha, eu resolvi assumir. sou petralha sim.
ser petralha é reconhecer que os últimos 12 anos de governos PT foram importantes para a melhoria de vida do povo brasileiro.
ser petralha é se importar com o fato de o brasil ter saído do mapa da fome.
ser petralha é achar que mulheres, negras e negros, homossexuais, empregadas domésticas, usuários de drogas, pessoas com deficiência, presidiários, velhos, crianças, moradores em situação de rua e indígenas são gente igual a toda gente e merecem ter seus direitos e suas vidas respeitadas.
ser petralha é achar que não está certo a forma como o brasil lida com a sua história, com os legados da escravidão e da ditadura.
ser petralha é apoiar as cotas raciais e acreditar que é necessário romper com o racismo institucional e com a servidão moderna.
ser petralha é reivindicar os mortos pela ditadura, apoiar a existência de comissões da verdade, a revisão da lei de anistia e a punição aos torturadores.
ser petralha é reconhecer que os meios de comunicação no nosso país são bizarramente concentrados e que é necessário democratizar.
ser petralha é achar que a polícia não pode agir como age. que a violência não é algo justificável, que é necessário desmilitarizar.
ser petralha é achar que o poder público deve criar políticas que favoreçam os mais pobres, as mulheres, os negros, as lgbt, as crianças, os idosos, os trabalhadores.
ser petralha é querer construir um mundo em que os trabalhadores (que é quem trabalha e que produz a riqueza) vivam livres de qualquer forma de exploração.
ser petralha é achar que nenhuma religião pode impor nada à ninguém.
ser petralha é defender uma constituinte exclusiva e soberana sobre o sistema político, sabendo que dentro desse sistema nossos sonhos e vontades não vão ter espaço.
ser petralha é achar que o desenvolvimento nacional é importante, principalmente quando ele enfrenta a exploração imperialista das grandes transnacionais.
ser petralha é achar que movimentos sociais, políticos, culturais e artísticos são bons e importantes para o fortalecimento da democracia.
ser petralha é defender o direito à greve e à manifestação. é reivindicar aumentos de salário. é ser contra terceirização e precarização do trabalho.
ser petralha é achar que todas as pessoas devem poder produzir cultura, e que tem que haver mais espaço para a diversidade.
ser petralha é achar que o brasil deve conhecer o brasil e não só o eixo rio-são paulo.
ser petralha é apoiar os mais médicos.
ser petralha é achar que nosso país deve privilegiar as relações internacionais com a américa latina e com a áfrica, nossos irmãos de sangue e história.
ser petralha é achar que as mulheres tem o direito de decidir sobre o próprio corpo, que sexualidade não deve ser um tabu mas um prazer.
ser petralha é questionar a criminalização das drogas, a relação do crime organizado com a polícia e com os reaças de plantão.
ser petralha é não tratar o povo como burro, e acreditar na capacidade de análise que o próprio povo tem.



(aí essa é a hora que algum classe média esquerdista raivoso e cheio de ódio vem dizer "ai mimimi mas o governo do pt fecha com a bancada fundamentalista, barrou o kit anti homofobia, fecha com o agronegócio, com a kátia abreu, tem aliança com os tubarões do ensino, etc etc etc")


e é por isso que eu sou PETRALHA e não petista.

porque nessas eleições eu resolvi dedicar três semanas da minha vida para fazer campanha para o PT porque sei que, no jogo da política institucional - que não é o jogo que eu jogo prioritariamente - isso faz diferença. porque eu sei que a disputa existente é entre o projeto neoliberal reaça, conservador e pai da desigualdade social e o projeto neodesenvolvimentista que é bastante conservador (mas é menos do que o outro) e distribui renda, e melhora a vida do povo. porque eu sei que eu tenho lado nessa disputa, mas eu não me iludo achando que minha luta, minhas pautas, meus sonhos vão caber nas urnas.

o que eu quero para o brasil não cabe nas urnas, mas sei que o resultado das eleições fazem diferença na realidade concreta e nas condições de construir o projeto que eu quero nas ruas, que é o lugar que não abandono.


e é por isso que em todos os 365 dias do ano eu faço luta. eu sou luta. e é luta pelo projeto popular, pelo projeto petralha. por um mundo sem tios patinhas.

quem me conhece e conhece os grupos que faço parte sabe que a gente faz luta. que não saímos da rua. que não temos medo de criticar, pressionar e discordar dos petistas. que não ficamos presos na disputa institucional. que não temos medo e enfrentamos reaça, machista, homofóbico e racista. que escrachamos os milicos e a rede globo. jogamos merda na globo. fazemos ato na frente da alston e da siemens denunciando o cartel do metrô. lutamos contra o aumento das passagens. lutamos lado a lado do movimento de moradia em defesa do plano diretor e contra despejos. lutamos por memória, verdade e justiça de todo jeito possível. contra os agrotóxicos, em defesa da reforma agrária popular. contra o imperialismo, com ato até na embaixada dos EUA. contra a violência policial, contra o genocídio do povo preto. pela vida das mulheres, contra as encoxadas, contra o assédio, contra a violência, em defesa da autonomia. em defesa da educação pública gratuita para todos. lado a lado aos trabalhadores nas greves e piquetes. tocando ocupações de reitoria pelo país por permanência e investimento em educação. lutando por uma constituinte exclusiva e soberana do sistema político. a gente faz ato, festa, jornal, lambe, pixação, musiquinhas, vídeos, intervenções, cortejos, debates, plebiscito, bloco de carnaval, bateria de escola de samba, teatro, brigadas de solidariedade;

para os que acham que os sonhos cabem nas urnas desse sistema político, sinto muito. eu não acho. meu lugar não é nas urnas dessa política velha, é na luta com a juventude.

terça-feira, 23 de setembro de 2014

os sonhos não envelhecem

as eleições são essa coisa esquisita. nessas horas (mesmo pra mim que sou militante de uma organização de esquerda) a política parece algo tão distante, tão estranho, tão inalcansável.

as campanhas são feitas por enormes máquinas que mobilizam rios de dinheiro. por publicitários que levam mais em conta as pesquisas de opinião do que a política. em partidos que são mais uma coleção de mandatos do que uma organização coletiva. em candidatos quase todos homens, brancos e velhos. eu olho e só penso: eu não tenho nada a ver com isso.


eu não tenho nada a ver com isso, mas eu não posso fazer de conta que isso não existe. tenho que participar, ter voz ativa e contribuir para que o resultado disso tudo esteja cada vez menos na mão de quem tem grana (e compra os cabos eleitorais, e faz chuva de panfleto e tira foto com cachorrinho fofo e etc) e cada vez mais nas mãos do povo.

por isso eu queria dizer: os sonhos não envelhecem.

é aquele senhor, os sapatos surrados de andar pra cima e pra baixo, uma cara meio esquisita e uma energia que não acaba nunca, uma revolta contra as injustiças que não acaba, sem medo de dizer o que pensa.

ele era estudante de geologia na USP e muito amigo de Alexandre Vannucci Leme e Ronaldo Mouth Queiroz, ambos assassinados pela ditadura. enfrentou, fez muita bagunça, questionou a ordem. e não tem dúvida que a história, o passado e o presente estão extremamente ligados.

pra mim tem uma história que exemplifica o tipo de trabalho (fora da lógica da política institucional) que ele faz e tem disposição de continuar fazendo: a comissão da verdade rubens paiva, da assembleia legislativa do estado de são paulo.

começa com: se não fosse ele, essa comissão jamais teria existido. ninguém tem nem a coragem, nem a ousadia, nem a disposição de fazer isso. mas ele foi lá e fez. bem no meio de um reduto de conservadores, contratou uns poucos (e bons) profissionais e construiu a comissão da verdade mais ativa desse país. foram centenas de audiências, dezenas de publicações. tudo, eu disse TUDO público, tudo transparente. a partir de uma iniciativa que poderia ser pequena, mobilizou o país. ajudou a reconstruir a nossa história.

e não teve medo: expôs a FIESP e o Consulado dos Estados Unidos que participaram das torturas. as empresas. a estrutura da PM. falou dos militares perseguidos, das crianças torturadas... e do impacto que tudo isso tem até os dias de hoje. da violência policial. das empresas. da tortura. de tudo.

e ele fez tudo assim, porque ninguém acreditava que um deputado ia trabalhar de verdade dentro da assembleia. (até porque quase ninguém lá trabalha). deixaram a comissão existir porque acharam que não ia acontecer nada de importante, e ela tem reescrito a história do nosso país. ele sabe trabalhar contra a ordem, dentro da ordem.

é claro que tem seus preços. uma campanha sem apoio, sem recurso é o que ele recebe depois de ter feito uma das coisas mais fodas que rolaram dentro da assembleia legislativa nos últimos quatro anos.

é claro que ele não é perfeito. a gente já brigou feio, mas ele sempre admitiu quando errou. ele é meio exagerado às vezes, meio carente. mas quem não é?

mas eu sei que ele se esforça para operar fora dessa lógica bizarra das eleições, da institucionalidade. que ele se joga. que ele se desafia. que ele é nóis.

eu sei que tenho orgulho da história dele. que reivindico fazer parte de uma geração "filha" da construção desses que lutaram contra a ditadura e nunca deixaram de sonhar. que construíram o PT e nunca deixaram de sonhar. que viram o PT virar o que virou e nunca deixaram de sonhar.

e que, sonhando, nunca deixaram de correr atrás do sonho, de construir todas as possibilidades de realizá-lo.

porque os sonhos não envelhecem, nessas eleições eu vou de 1368, Adriano Diogo para deputado federal.

quem quiser conhecer mais o trabalho dele, aqui: www.adrianodiogo1368.com.br

quem quiser ajudar na campanha, pode falar comigo.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

você é um babaca - ou carta ao namorado de uma amiga

Cara,

eu quero dizer que te acho um babaca.



você namorava uma mulher especial, linda, inteligente. vocês tinham um combinado de monogamia.

sabe, combinado? combinado é quando as duas partes entram em um acordo, concordam com algo, e resolvem combinar. a gente só combina coisas com gente em quem a gente confia. e cumprir os combinados faz parte do processo de construir e fortalecer a confiança.

e aí você resolveu que ia quebrar o combinado. e nem me venha com mimimi mas não deu pra resistir. isso não existe, isso é babaquice. você quebrou um combinado. e foi além: você traiu não só sexualmente, mas você foi um canalha. falou mal da sua namorada pra mina com quem você transou. chamou ela de "patroa", como se você estivesse cumprindo uma obrigação em estar com ela. reclamou do relacionamento.

e não fez nada pra mudar. inventou um jeito de guardar segredo. baixou um aplicativo que esconde as mensagens das "outras" para a "oficial" não se incomodar. sustentou uma mentira. sustentou um relacionamento do qual você reclamava mas não fazia nada pra mudar. ou pior, fazia. saia pra comer outras meninas achando que tava tudo bem.

e aí quando ela teve uma crise de ciúmes você disse que ela estava louca, exagerando. mas quando ela descobriu suas mensagens você não pôde mais disfarçar. e aí veio com o papo de que o homem precisa transar com várias mulheres. beleza, cara, se você acredita isso, não faça o combinado da monogamia. agora, depois que você fez o combinado, vir com esse papo é coisa de covarde, é coisa de babaca.

depois de muito sofrimento, de muita dor, ela te perdoou. porque você veio, todo emocionado, chorando, dizendo que amava ela e que não faria de novo a mesma cagada. que foi coisa de momento, que você reconhecia o seu machismo e que faria de tudo para descontruí-lo. e ela, que sempre confiou tanto em você, quis dar mais uma chance. mas também porque a gente que é mulher aprende a fazer isso, mas também porque temos muito medo de ficar sozinha. e aí acabamos aceitando viver com uns babacas. mas isso tá mudando.

porque da segunda vez que você fez isso ela não topou mais. ela terminou o namoro. e você veio, todo emocionado, chorando, dizendo que amava ela e que não faria de novo a mesma cagada. que foi coisa de momento, que você reconhecia o seu machismo e que faria de tudo para descontruí-lo. e ela, que sempre confiou tanto em você, que te desculpou por cagadas, que esteve ao seu lado em momentos difíceis, ela não quis mais.

ela foi forte o suficiente e terminou (e vou te dizer que a força de terminar um relacionamento ruim, de enfrentar nossa própria submissão, nosso próprio medo é uma das forças mais poderosas que uma mulher tem). ela terminou porque confiança é um processo em construção, e mentira é um tiro pelas costas da confiança.

eu só estou escrevendo para te dizer que você foi um babaca. e que se você quer virar gente grande, quer ser responsável, você vai parar de se colocar no lugar de vítima. vai parar de ficar sofrendo como se ela tivesse sido injusta com você.

eu estou só escrevendo para te contar que isso é machismo. e que se você não quer mais cometer esse erro é mais simples do que parece: não minta. não esconda. não faça coisas que machucam as outras pessoas. não seja um babaca.

você perdeu uma mulher maravilhosa do seu lado. e eu também tenho dúvidas se posso continuar sendo sua amiga. porque meu lado é do lado dela, em quem eu confio, e não do seu, que é um babaca.

espero que você estude o feminismo. que você se esforce para ver o mundo sob a ótica das mulheres. que você admita que existe uma tonelada de machismo em você, que você é sim opressor (é bem melhor isso do que ficar posando de bom rapaz, porque os bons rapazes não se dispõe a aprender). que você se esforce cotidianamente para enfrentar o machismo (porque nós, mulheres, nos machucamos todo dia por causa do machismo, nos mutilamos, e enfrentamos de cabeça erguida... um pouco de autocrítica cotidiana não é nada comparado ao que a gente sofre). eu espero que você aprenda a ser menos babaca.



PS: só pra terminar quero dizer que essa carta foi feita para muitos homens, muitos namorados (e ex namorados) de amigas. se a carapuça serviu, se você se sentiu incomodado, parabéns, você também é um babaca.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

falam mal de mim

texto escrito em 21 de março de 2001 (eu tinha 12 anos)

(só queria dizer pra vocês que toda vez que uma lésbica ou um gay é assassinado eu penso "poderia ter sido eu").

Falam mal de mim...
Será que falam mesmo?
Falam que sou estranha...
Isso é ruim?
Depois se “corrigem”:
Dizem que sou diferente, e não estranha...
Mas, mesmo eu sendo diferente ou estranha,
Seja lá o que eu sou...
Isso não é motivo para,
As pessoas que nem me conhecem direito
Falarem que sou isso ou sou aquilo...
Estranha, diferente, louca,
Isso eu sou, sei e gosto...
Mas tem outras coisas...
Será por ciúmes?
Do que?
Eu sou o que eu me faço ser...
Se quiser me guardo pra mim e não mostro para o mundo quem e como eu sou...
Ou então, Posso fingir ser uma pessoa...
Mais como serei outra pessoa?
Eu sou apenas o que me faço
Poderia, se quisesse, ser qualquer um...
Mas não gostaria...
Não me sentiria bem...
Então, qual é o problema?
Eu apenas ser quem sou?
E continuam falando de mim...
Por eu apenas ser eu mesma...
Queriam que eu me transformasse no que?
Em um padrão
Queriam que todos fossemos máquinas...
Todos iguais...
Só por eu me vestir de um jeito diferente, isso quer dizer alguma coisa?
E também se fosse...
Qual seria o problema???
É...
O mundo é cruel...
Temos todos que ser máquinas...
Iguais...
Se você souber porque...
Me fale...
Gostaria muito de saber...

 Lira

sou da geração de 1988


Eu sou a geração de 88.

Eu sou filha de um homem de 1959.

Com 16 ele fugiu da cidade careta do interior. Saiu de Sorocaba, interior reacionário de São Paulo, e veio pra cá, morar com a vó e estudar. No interior foi chamado de “comunista” por aqueles católicos reacionários e caretas, apoiadores da ditadura, só porque questionava a religião cristã e todo seu peso. Deu sorte (ou foi de propósito?) e foi estudar no Colégio Equipe, um colégio formado por professores que em 68 foram proibidos, pela ditadura, de dar aula em escolas públicas. Professores comunistas.
Participou de manifestações, viveu a cultura, a arte, as festas do fim dos anos setenta. Curtiu Gil e transcendências. Teve aula com Florestan Fernandes. Escolheu, entre jogar de goleiro no corinthians e estudar ciências sociais, ir pra USP estudar. Fez Sociais mas sempre trabalhou, era em jornais. Fez movimento estudantil, mas preferiu a carreira do jornalismo à carreira da política (aquela tão cheia de vícios, autoritarismos, personalismo e disputismo). Foi diretor do jornal Em Tempo. Depois foi cursar jornalismo e contribuiu na construção do PT. Na época de abertura da ditadura, todos que trabalhavam como jornalistas como ele conseguiram o registro de jornalista para poder trabalhar, mesmo sem ter feito a faculdade. Foi ser jornalista e largou o curso de jornalismo (careta demais para ele na época).
Ele encontrou minha mãe (ou minha mãe encontrou ele?) numas das transas loucas dos anos setenta. Fui concebida no início de 88, antes das eleições de 88 e 89. Fui concebida, Lira, no carnaval de 1988 por duas pessoas que se amavam muito. Num prédio chamado Panambi, na Vila Madalena (e a Vila não era nada do que é hoje). Nasci junto com a vitória da Erundina para prefeita.

Eu sou a geração de 88.

Eu sou filha de uma mulher de 1959.

Quinta ou quarta (ou seria sexta?) filha de uma família com nove filhos. São 5 mulheres, e ela é a do meio. Meu vô era um industrial paulista que levou uma rasteira de um irmão que roubou toda a grana e fugiu para os Estados Unidos (porcos capitalistas). Minha vó eterna dona de casa sabia que devia produzir filhas mais livres que ela. As filhas não conseguiram estudar muito, mas fizeram feitos incríveis.
Minha mãe sonhava em ser arquiteta, era projetista de arquitetura na época em que se desenhava tudo à mão e não tinha computador. Era arte. Levou um golpe muito duro (acho que talvez por uma relação machista, em que o cara se aproveitou da situação para fazer a faculdade dele e minha mãe se fudeu). Viajou para a Grécia no primeiro casamento. E pode ter curtido todas as drogas do mundo, ter feito as festas mais loucas. Viveu sua sexualidade e sabe que isso é importante, sem ser nada careta. Um pouco antes de eu nascer passou em um concurso público e virou funcionária da USP. Acompanhava o que acontecia na política porque sabia que aquele era um momento importante de enfrentar “essa gente careta e covarde”. Votou no PT. E foi trabalhar como funcionária num teatro, o que me fez crescer dentro desse mundo lindo e mágico.
Ela encontrou meu pai (ou meu pai que encontrou ela?) numas transas loucas nos anos setenta.Fui concebida no início de 88, antes das eleições de 88 e 89. Fui concebida, Lira, no carnaval de 1988 por duas pessoas que se amavam muito. Num prédio chamado Panambi, na Vila Madalena (e a Vila não era nada do que é hoje). Nos anos 70 minha mãe era funcionária de um tal Miroel Silveira.

Eu sou a geração de 88.

Filha do PT, filha da USP, filha de um corinthiano daora que fugiu do interior conservador. Que foi detido (mas nunca preso), ouve Racionais e Sérgio Sampaio, militou na AP-ML e construiu o PT desde o início. Um cara que fez coisas importantes na política de nosso país mais nunca quis o sucesso e a fama de um candidato e sempre prefiriu a retaguarda. Filha de uma mulher que foi atrás do que quis apesar dos caras babacas. De uma mulher que nunca teve medo de ser quem era, de usar as roupas que quisesse, que fosse mais confortável e feliz. De uma mulher que abriu mão de muita coisa da própria vida para amar e cuidar da filha. De uma mãe que deu os melhores ensinamentos sobre sexualidade e foi exemplo e ponto de apoio quando eu enfrentei as maiores barras da vida. De uma mãe que cozinhou as melhores comidas. Me fez dona da melhor lancheira da escola. Meus pais me ensinaram a solidariedade. Me ensinaram sobre arte. Me ajudaram a ser poeta, a sonhar. Me chamaram Lira. Me fizeram Lira.


             ir
vir
   vira
       lira

sábado, 6 de setembro de 2014

Dilma, coração valente.

Hoje eu estive na plenária das mulheres com Dilma, junto com companheiras da Marcha Mundial de Mulheres e das mulheres da Consulta Popular.

Juntas, nós colhemos milhares de votos para o plebiscito popular, entre as mulheres que entraram no ginásio e as mulheres que ficaram do lado de fora, todas juntas com Dilma.

Cantamos a música “Dilma, coração valente” tantas vezes que quase decoramos inteira, e já estamos inventando uma coreografia para dançar com a Dilma Bolada.

E eu canto “Dilma” com tranquilidade no meu coração porque sei que hoje é a melhor alternativa para o povo brasileiro, porque sei que os últimos doze anos foram bonitos e bons para o povo brasileiro, que a vida melhorou. Que não fez reformas estruturais, mas abalou em pilares estruturais do sistema capitalista-patriarcal-racista. Que fez o REUNI, o PROUNI, o FIES. Que tirou as mulheres negras nordestinas da semi-escravidão que sempre foi a vida da “doméstica” no brasil porque transformou em TRABALHADORA. Que a filha da doméstica também pode virar doutora.

Eu não acho que o governo Dilma vai ser o socialismo, longe disso. Mas eu sei que a verdadeira disputa tem esse projeto de um lado, extremamente limitado, de caráter neo-desenvolvimentista, que tem sido melhor pra vida da classe trabalhadora, porque com mais emprego e mais crescimento e mais escolarização e mais produção mais sonho melhor para a vida das mulheres, negros, lgbt, indígenas. E o projeto ortodoxo-conservador que “libera o mercado” (o que significa priatizar tudo e deixar os bancos mandarem) e é extremamente reacionário, fundamentalista, agronegócio, etc.

Acho que qualquer disputa que não enxerga que essa é a disputa central pra mim está errada, e é esquerdista ou oportunista ou ambos e é coisa de gente que se preocupa mais em parecer revolucionário do que em viver de verdade a vida do povo. É claro que tem muita gente boa nos partidos “mais socialistas”, mas acredito que se miram a Dilma como inimiga nessas eleições estão errando de lado.

Essas eleições é uma disputa de classes. Entre os filhotes da ditadura, o agronegócio, as famílias que mandam na mídia, a militarização, o racismo, o machismo, a violência policial, o genocídio. Entre gente que não tem coerência, que não tem a tradição e o compromisso com o partido, com o coletivo (por pior que o coletivo seja). porque por pior que o coletivo seja ele é melhor do que as pessoas que abandonam o coletivo e vão atrás da política como carreira de sucesso individual. gente que não tem coerência com a própria história.

Hoje no ato das mulheres com Dilma subiram no palco as mulheres companheiras que foram presas junto com ela, que dividiram cela com ela durante anos. Eu admiro cada uma daquelas senhoras. Daquelas guerrilheiras. Daquelas lutadoras do povo brasileiro. Eu chorei naquela hora, vendo aquelas mulheres. Eu quero ser a continuidade da luta delas. Eu quero rever a lei da Anistia.

E a Dilma agradeceu aquelas mulheres que dividiram cela com ela. Todas guerreiras. Dilma sabe que se tem um lado é do lado delas. Foi por isso que afirmou "Se tem uma coisa que nós não somos aqui, é vira-casaca. Quando você tem um lado, pode até lutar por ele, pode até ir pra prisão", contou dos quase três anos em que ficou presa e foi torturada por lutar pela democracia. "Pode pressionar, que você não muda de posição. Ou você tem convicção naquilo que acredita, ou não tem força para lutar e para conquistar".

É isso. Sei que se existe alguma chance concreta para que a vida do povo brasileiro siga melhorando essa alternativa não é com Marina. Nem com Luciana, por mais que ela seja uma pessoa legal acho que desvia demais o foco. Porque hoje ou você está com Dilma, ou está contra o povo.

Mas hoje também – e esse foi o ponto com o que Dilma encerrou seu discurso no ato das mulheres – foi dia de Plebiscito Constituinte. Estendemos uma faixa "Dilm, vota sim! Constituinte Já!". Enfrentamos gente que não queria que a gente mostrasse a faixa, que disse que a gente tumutuou, enfrentamos uma fila absurda (Dilmãe, você atiçou a mulherada, tem que acolher a gente num lugar maior, pra caber todo mundo, pra ser só amor!), cotoveladas, calor, sol, trânsito... Levamos urna. Você até falou que vai votar, né? Mas parece que vai votar amanhã.

Mas você disse, com todas as letras, pra gente:

“E ali estão colocando uma questão importante. O Brasil precisa de uma reforma política. O Brasil precisa de uma reforma política. Quando, logo depois das manifestações de julho, nós enviamos para o congresso uma proposta de plebiscito. Nós não conseguimos passar essa proposta de plebiscito. Por que? Porque ninguém reforma a si mesmo. Então eu quero dizer pra vocês: EU SÓ ACREDITO EM REFORMA POLÍTICA COM A PARTICIPAÇÃO POPULAR, COM A FORÇA DA PRESENÇA DO POVO NAS RUAS DIZENDO QUAL É A REFORMA POLÍTICA QUE NÓS VAMOS ADOTAR. É assim que eu acredito em reforma política. E quero dizer pra vocês: seja da forma que seja nós temos que garantir a consulta ao povo brasileiro. É isso que vai dar força para fazer a reforma necessária nesse país país. Reforma pra que? Pra que o estado brasileiro seja mais transparente, para que não haja corrupção, não se desvie dinheiro público, se controle a forma pela qual se fazem eleições nesse país. Então eu quero dizer , encerrando esse ato, que nesse processo as mulheres desse país são guerreiras. E nós mulheres somos desse jeito. A gente encasqueta com alguma coisa e vai até o fim. Então ENCASQUETEM. Encasquetem nessa eleição. Teimem. Não desistam. Porque nós mulheres sempre acreditamos na nossa família, nos nossos filhos e nos nosso país.”

A Dilma me conquistou.

Foi assim.



Fala da Dilma em:
https://www.youtube.com/watch?v=bYZqFAE5EsM







venho dizer que falhei

venho à público nesse domingo de sol dizer que falhei.
que minha capacidade se extingue e que todos os dias parecem segundas feiras chuvosas em que nenhuma vontade, nenhum motivo, nenhuma obrigação tem mais força do que a dor e a solidão de ficar na cama.
que meus planos mirabolantes foram todos frustrados por falta de persistência, por falta de organização, por falta de capacidade, por excesso de planos.
que meu medo de falhar tem me feito falhar cada vez mais.
que tenho me retirado propositadamente dos lugares em que vocês me colocam.
que  os sonhos que preguei do amor, do companheirismo, da solidariedade, tenho pregado muito mas sentido cada vez mais dificuldade em viver.
que enfrentar as contradições tem sido por vezes tão contraditório que me perco no meio de um turbilhão.
que construir identidade e vontade e vida própria e independente talvez seja muito mais difícil, e doa, e chore e não dê conta sozinha.
e que na verdade não me sinto superior à nenhum de vocês, me sinto inferior, me sei inferior e eu só queria era um pouco de carinho e atenção e isso parece que não existe, que vocês não enxergam essa palavra
que eu não sei dialogar sem provocar, sem estranhar, sem me sentir inferior constantemente.
porque as críticas dirigidas à uma mulher são muito diferentes das críticas dirigidas à um homem
e que a dureza, a determinação, a violência, a força, a sexualidade, o espírito protagonista, a vontade de ser sujeita da própria história incomodam quando é uma mulher, quando é homem não.
que mesmo me sabendo incompleta tenho errado e cada vez mais tenho errado tenho esquecido e falhado.
que tenho repetido que sou mulher tantas vezes que as pessoas desconfiam e acham que eu exagero, e que parece exagero, utilização política (!) de uma coisa que é pessoal ou não existe (?).

venho à público dizer  que falhei.
e que se quiserem podem cortar minha cabeça, me machucar, me bater, ficarem putos, gritarem, me desautorizarem, discordarem.

venho à público dizer que falhei.
mas por favor não permaneçam em silêncio quando sabem que esse silêncio mata. O SILÊNCIO NÃO É UMA CRÍTICA CONSTRUTIVA, ele não educa. ele enlouquece.

venho à público dizer que falhei.
e talvez eu precise que alguém me dê a mão, me procure, me chame pra sair.

venho à público dizer que falhei.
porque afinal de contas nós somos muito parecidas.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

mudar a política

quero mudar a política.

mas não vou parar de falar gíria para isso. não vou deixar meu cabelo comprido nem vestir roupas comportadas para isso. não vou sentar de pernas fechadas, nem segurar o garfo direito nem falar em tons baixos, educados e polidos.

quero mudar a política.

e sei que o caminho central não é sentada numa mesa em grandes debates teóricos. o caminho central não é  dentro de um gabinete. não é negociando cargos e nem contando dinheiro ou influência. o caminho central pra mim não é construído com desconfiança, picuinhas e violência.

quero mudar a política.

desde que eu possa dançar mudando a política e que haja espaço pra dança no novo sistema político.
desde que eu possa rimar e haja espaço para a poesia dentro do novo sistema político.
desde que eu possa amar, e transar e sentir prazer e haja espaço para todo tesão do mundo dentro desse novo sistema político.
desde que esse novo sistema político seja construído a partir das ruas, das quebradas, das festas, dos bailes, dos parques, das pistas de skate, das pixações e dos ônibus lotados.
desde que a mudança do sistema político seja construída pelo povo, com o povo e para o povo porque tenho certeza que com o sistema político que existe hoje não existe nenhum "sujeito político" que tenha a vontade e as condições para mudar o sistema político como é necessário.

quero mudar a política.

porque faz mais de duas décadas que a ditadura acabou mas sobrou tanta coisa dela no nosso país que me pergunto se ela acabou mesmo.
são tantos assassinatos - principalmente de jovens negros - praticados pela polícia
é uma mídia que manipula a realidade na cara dura
é tanta violência - contra as lgbts, contra as mulheres, contra as crianças

quero mudar a política

porque sei que quando eu canto quando eu grito quando eu me apaixono quando eu faço o que eu acredito quando eu escrevo quando ando na rua sem medo quando enfrento a violência quando não baixo a cabeça para injustiças quando vou pra uma manifestação quando sinto tesão quando faço auto-crítica quando compartilho o que sei quando aprendo coisas novas quando não aceito ficar em silêncio quando dou risada do opressor

estou fazendo política

e quero mudar a política porque sei que não sou eu que tenho que me adaptar à política
mas tenho que ajudar a construir uma política em que eu caiba. em que caiba todo mundo.

é por isso que eu vou mudar o jogo. por uma constituinte exclusiva e soberana sobre o sistema político.