domingo, 23 de novembro de 2014

sorria

sorria mais.
saia ao ar livre.
aproveite o sol, quando ele vem. aceite a garoa quando ela aparece. tome banho de chuva ou saia correndo, mas se permita correr o risco da chuva.

curta o espaço público.
você pode sentar no chão e fazer da grama areia de praia.
você pode cantar, dançar, conversar, abraçar...
esteja presente ali.
sem precisar de celular.
sem precisar mostrar pra ninguém.

veja as pessoas.
elas são lindas em sua diversidade, e pulsam.
as pessoas fervem e criam e brilham.
a vida é poesia.

parques, praças, shows, esporte.
juntar as pessoas que de segunda à sexta correm apressadas
não se veem, não se reparam, não têm tempo.
no domingo, no ibirapuera, a gente se encontra.

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

não tirei nenhuma foto

não tirei nenhuma foto, mas as lembranças estão aqui.
e vou transformá-las em verso, em texto corrido, em escrevinhação.

cansei dessa vida editada e ditada pelo facebook.
o que não acontece no mundo virtual
pode ainda acontecer no mundo real

divulgar e propagandear ideias, produções e arte nessas redes
tem potencial
mas a minha felicidade
meus amigos
minha vida
eu prefiro ao vivo, a cores e no quente.

menos fotos e mais abraços
- abraços apertados como só que ganhamos no dia de nosso aniversário -
quero o virtual para potencializar o real
para ser mais fácil de marcar encontros
ao invés de afastar
pra possibilitar que os que estão distante
ainda assim possam se falar
pra disseminar a arte
que não cabe no museu

mas quero mesmo é o coletivo
o toque
o carinho
a força do brilho no olhar
o embargar da voz
o arrepio da pele
o sorriso
o tempo que passa

é com isso que me sinto completa.
e não preciso fotografar o que vive pulsa e bate forte no meu coração.
prefiro compartilhar abraços do que likes no facebook.

me ensina

queria te contar:

quando eu aprendi a fazer tudo isso que faço hoje, tinha muito pouca gente pra me ensinar. fui aprendendo assim, na porrada. batendo a cara na parede. me fudendo sem ser gostoso. não rolou exatamente uma preocupação em construir processos pedagógicos e fui assim, apanhando e crescendo.

mas eu acho que isso está errado. que a gente tem que aprender a ser pedagógica, humana, carinhosa, dar atenção, acompanhar processos, ser amiga, parceira, companheira. que essa forma de fazer as coisas assim, sem acumular a sabedoria de transmitir as coisas que a gente sabe fazer, é uma das maiores imbecilidades que existe.

eu tenho certeza que você vai ser melhor que eu. porque tem menos vícios. porque não precisou passar pelas merdas que eu passei. porque - se tudo der certo - eu te ensino algumas coisas e você pode não cometer os mesmos erros que eu. você vai errar, é certo, porque todo mundo erra e o erro faz parte e ensina pra caralho. mas não existe justificativa no mundo que me permita deixar você cometer erros iguais aos meus. cometa erros melhores. avance. seja melhor do que eu.

você me ensina. me ensina muito. ao apontar meus limites, meus defeitos, meus erros. ao me lembrar que eu não posso te tratar assim e que tenho que ser mais humana, que tenho que ser mais feliz, que tenho direito de ter tempo pra mim mesma, de gostar de mim mesma. você me ensina ao fazer as coisas que eu aprendi a fazer depois de levar tanta porrada com muito mais facilidade, muito mais leveza, muito mais sentido.

eu quero te ensinar as coisas que eu sei fazer. quero te ajudar a não cometer os erros que eu cometi. quero ser sua companheira. mas eu preciso de ajuda. nunca me ensinaram a ensinar isso tudo. nunca me ensinaram que isso é importante do jeito que é.

me ensina a te contar minhas histórias? me ensina a te ensinar?

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

de cifrão à foice e martelo

é um caminho pequeno
na sua mão
a distância entre o que foi
o cifrão
e o que é
a foice e o martelo.

são desenhos, um dia, algumas horas
e se transforma.

porque um dia nos ensinaram a amar o dinheiro.

juntos a gente descobriu que dinheiro não compra felicidade...
mas trabalho coletivo constrói amor.

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

remédio pra insônia

a cidade nem sei se dorme - tão distante ela parece do meu quarto.
na tela, a vida pulula.
articulações, conspirações tomam conta. daqui a pouco amanhece e o sono ainda não chegou.
como dormir?
como parar?
se o futuro parece tão perto.
se cada ação parece tão decisiva.
se só olho pro mundo, e fico em segundo plano.

mas eu existo, e sinto dor.
meu corpo pede contorno.
pede calor. pede carinho.

a correria louca dessa cidade me afasta das pessoas, dos sonhos, do sono.
o remédio pra insônia é amor.