quarta-feira, 29 de outubro de 2014

o tempo que tem que ter

queria escrever mais.
queria ter tempo para escrever mais.
queria ter um computador que não travasse toda hora pra poder escrever mais.
queria ter materiais e cadernos e canetas infinitas para escrever mais escrever sempre sem parar.
queria receber um salário para ler e escrever e poder fazer apenas isso e nada mais.
queria escrever tudo e traduzir tudo o que sinto o que penso o que quero em palavras pretas na tela branca e fazer poesia e fazer prosa e fazer teoria em palavras escritas.
queria ter coragem de escrever o que penso o que sinto o que é bonito o que é feio o que é bom o que é ruim o que eu gostaria de esconder o que eu quero explodir.
queria que fosse tão bonito e tão importante o que eu escrevo que fizesse sentido para as outras pessoas.
escrever me liberta porque me significa.
a correria quando aumenta, quando me impede de escrever e de comer e de sentir prazer e de curtir a vida. a correria pode fazer mal se a gente abre mão da gente mesma. talvez necessária por alguns dias, talvez importante por algumas semanas. mas não pode ser permanente.
refletir, compartilhar, transformar em poesia, em canção, em teoria ou em arte o que se vive é também aprender a olhar com cuidado para o que se faz.
e fazer o que se faz pensando sobre o que se faz e não apenas fazendo é ser humana e não máquina.
é bom ser humana.

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