terça-feira, 23 de setembro de 2014

os sonhos não envelhecem

as eleições são essa coisa esquisita. nessas horas (mesmo pra mim que sou militante de uma organização de esquerda) a política parece algo tão distante, tão estranho, tão inalcansável.

as campanhas são feitas por enormes máquinas que mobilizam rios de dinheiro. por publicitários que levam mais em conta as pesquisas de opinião do que a política. em partidos que são mais uma coleção de mandatos do que uma organização coletiva. em candidatos quase todos homens, brancos e velhos. eu olho e só penso: eu não tenho nada a ver com isso.


eu não tenho nada a ver com isso, mas eu não posso fazer de conta que isso não existe. tenho que participar, ter voz ativa e contribuir para que o resultado disso tudo esteja cada vez menos na mão de quem tem grana (e compra os cabos eleitorais, e faz chuva de panfleto e tira foto com cachorrinho fofo e etc) e cada vez mais nas mãos do povo.

por isso eu queria dizer: os sonhos não envelhecem.

é aquele senhor, os sapatos surrados de andar pra cima e pra baixo, uma cara meio esquisita e uma energia que não acaba nunca, uma revolta contra as injustiças que não acaba, sem medo de dizer o que pensa.

ele era estudante de geologia na USP e muito amigo de Alexandre Vannucci Leme e Ronaldo Mouth Queiroz, ambos assassinados pela ditadura. enfrentou, fez muita bagunça, questionou a ordem. e não tem dúvida que a história, o passado e o presente estão extremamente ligados.

pra mim tem uma história que exemplifica o tipo de trabalho (fora da lógica da política institucional) que ele faz e tem disposição de continuar fazendo: a comissão da verdade rubens paiva, da assembleia legislativa do estado de são paulo.

começa com: se não fosse ele, essa comissão jamais teria existido. ninguém tem nem a coragem, nem a ousadia, nem a disposição de fazer isso. mas ele foi lá e fez. bem no meio de um reduto de conservadores, contratou uns poucos (e bons) profissionais e construiu a comissão da verdade mais ativa desse país. foram centenas de audiências, dezenas de publicações. tudo, eu disse TUDO público, tudo transparente. a partir de uma iniciativa que poderia ser pequena, mobilizou o país. ajudou a reconstruir a nossa história.

e não teve medo: expôs a FIESP e o Consulado dos Estados Unidos que participaram das torturas. as empresas. a estrutura da PM. falou dos militares perseguidos, das crianças torturadas... e do impacto que tudo isso tem até os dias de hoje. da violência policial. das empresas. da tortura. de tudo.

e ele fez tudo assim, porque ninguém acreditava que um deputado ia trabalhar de verdade dentro da assembleia. (até porque quase ninguém lá trabalha). deixaram a comissão existir porque acharam que não ia acontecer nada de importante, e ela tem reescrito a história do nosso país. ele sabe trabalhar contra a ordem, dentro da ordem.

é claro que tem seus preços. uma campanha sem apoio, sem recurso é o que ele recebe depois de ter feito uma das coisas mais fodas que rolaram dentro da assembleia legislativa nos últimos quatro anos.

é claro que ele não é perfeito. a gente já brigou feio, mas ele sempre admitiu quando errou. ele é meio exagerado às vezes, meio carente. mas quem não é?

mas eu sei que ele se esforça para operar fora dessa lógica bizarra das eleições, da institucionalidade. que ele se joga. que ele se desafia. que ele é nóis.

eu sei que tenho orgulho da história dele. que reivindico fazer parte de uma geração "filha" da construção desses que lutaram contra a ditadura e nunca deixaram de sonhar. que construíram o PT e nunca deixaram de sonhar. que viram o PT virar o que virou e nunca deixaram de sonhar.

e que, sonhando, nunca deixaram de correr atrás do sonho, de construir todas as possibilidades de realizá-lo.

porque os sonhos não envelhecem, nessas eleições eu vou de 1368, Adriano Diogo para deputado federal.

quem quiser conhecer mais o trabalho dele, aqui: www.adrianodiogo1368.com.br

quem quiser ajudar na campanha, pode falar comigo.

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