sábado, 27 de setembro de 2014

sou petralha

resolvi assumir: sou petralha.


depois de tanto ouvir gente raivosa e cheia de ódio me chamar de petralha, eu resolvi assumir. sou petralha sim.
ser petralha é reconhecer que os últimos 12 anos de governos PT foram importantes para a melhoria de vida do povo brasileiro.
ser petralha é se importar com o fato de o brasil ter saído do mapa da fome.
ser petralha é achar que mulheres, negras e negros, homossexuais, empregadas domésticas, usuários de drogas, pessoas com deficiência, presidiários, velhos, crianças, moradores em situação de rua e indígenas são gente igual a toda gente e merecem ter seus direitos e suas vidas respeitadas.
ser petralha é achar que não está certo a forma como o brasil lida com a sua história, com os legados da escravidão e da ditadura.
ser petralha é apoiar as cotas raciais e acreditar que é necessário romper com o racismo institucional e com a servidão moderna.
ser petralha é reivindicar os mortos pela ditadura, apoiar a existência de comissões da verdade, a revisão da lei de anistia e a punição aos torturadores.
ser petralha é reconhecer que os meios de comunicação no nosso país são bizarramente concentrados e que é necessário democratizar.
ser petralha é achar que a polícia não pode agir como age. que a violência não é algo justificável, que é necessário desmilitarizar.
ser petralha é achar que o poder público deve criar políticas que favoreçam os mais pobres, as mulheres, os negros, as lgbt, as crianças, os idosos, os trabalhadores.
ser petralha é querer construir um mundo em que os trabalhadores (que é quem trabalha e que produz a riqueza) vivam livres de qualquer forma de exploração.
ser petralha é achar que nenhuma religião pode impor nada à ninguém.
ser petralha é defender uma constituinte exclusiva e soberana sobre o sistema político, sabendo que dentro desse sistema nossos sonhos e vontades não vão ter espaço.
ser petralha é achar que o desenvolvimento nacional é importante, principalmente quando ele enfrenta a exploração imperialista das grandes transnacionais.
ser petralha é achar que movimentos sociais, políticos, culturais e artísticos são bons e importantes para o fortalecimento da democracia.
ser petralha é defender o direito à greve e à manifestação. é reivindicar aumentos de salário. é ser contra terceirização e precarização do trabalho.
ser petralha é achar que todas as pessoas devem poder produzir cultura, e que tem que haver mais espaço para a diversidade.
ser petralha é achar que o brasil deve conhecer o brasil e não só o eixo rio-são paulo.
ser petralha é apoiar os mais médicos.
ser petralha é achar que nosso país deve privilegiar as relações internacionais com a américa latina e com a áfrica, nossos irmãos de sangue e história.
ser petralha é achar que as mulheres tem o direito de decidir sobre o próprio corpo, que sexualidade não deve ser um tabu mas um prazer.
ser petralha é questionar a criminalização das drogas, a relação do crime organizado com a polícia e com os reaças de plantão.
ser petralha é não tratar o povo como burro, e acreditar na capacidade de análise que o próprio povo tem.



(aí essa é a hora que algum classe média esquerdista raivoso e cheio de ódio vem dizer "ai mimimi mas o governo do pt fecha com a bancada fundamentalista, barrou o kit anti homofobia, fecha com o agronegócio, com a kátia abreu, tem aliança com os tubarões do ensino, etc etc etc")


e é por isso que eu sou PETRALHA e não petista.

porque nessas eleições eu resolvi dedicar três semanas da minha vida para fazer campanha para o PT porque sei que, no jogo da política institucional - que não é o jogo que eu jogo prioritariamente - isso faz diferença. porque eu sei que a disputa existente é entre o projeto neoliberal reaça, conservador e pai da desigualdade social e o projeto neodesenvolvimentista que é bastante conservador (mas é menos do que o outro) e distribui renda, e melhora a vida do povo. porque eu sei que eu tenho lado nessa disputa, mas eu não me iludo achando que minha luta, minhas pautas, meus sonhos vão caber nas urnas.

o que eu quero para o brasil não cabe nas urnas, mas sei que o resultado das eleições fazem diferença na realidade concreta e nas condições de construir o projeto que eu quero nas ruas, que é o lugar que não abandono.


e é por isso que em todos os 365 dias do ano eu faço luta. eu sou luta. e é luta pelo projeto popular, pelo projeto petralha. por um mundo sem tios patinhas.

quem me conhece e conhece os grupos que faço parte sabe que a gente faz luta. que não saímos da rua. que não temos medo de criticar, pressionar e discordar dos petistas. que não ficamos presos na disputa institucional. que não temos medo e enfrentamos reaça, machista, homofóbico e racista. que escrachamos os milicos e a rede globo. jogamos merda na globo. fazemos ato na frente da alston e da siemens denunciando o cartel do metrô. lutamos contra o aumento das passagens. lutamos lado a lado do movimento de moradia em defesa do plano diretor e contra despejos. lutamos por memória, verdade e justiça de todo jeito possível. contra os agrotóxicos, em defesa da reforma agrária popular. contra o imperialismo, com ato até na embaixada dos EUA. contra a violência policial, contra o genocídio do povo preto. pela vida das mulheres, contra as encoxadas, contra o assédio, contra a violência, em defesa da autonomia. em defesa da educação pública gratuita para todos. lado a lado aos trabalhadores nas greves e piquetes. tocando ocupações de reitoria pelo país por permanência e investimento em educação. lutando por uma constituinte exclusiva e soberana do sistema político. a gente faz ato, festa, jornal, lambe, pixação, musiquinhas, vídeos, intervenções, cortejos, debates, plebiscito, bloco de carnaval, bateria de escola de samba, teatro, brigadas de solidariedade;

para os que acham que os sonhos cabem nas urnas desse sistema político, sinto muito. eu não acho. meu lugar não é nas urnas dessa política velha, é na luta com a juventude.

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